Tuesday 27 March 2007

Sânscrito - Triologia

OS DIAS DE ONTEM

Caiu mais um raio, bem perto dele.. o cavalo estacou, interrompendo um louco galope, empinando-se.. saltou a ultima ferradura... o cavaleiro aguenta-se na sela e toca violentamente o flanco martirizado da montada com as esporas. Ergue a espada contra os céus negros, desafiando a fúria dos elementos.. mais um clarão a iluminar-lhe a face: livida e molhada, do temporal e das lágrimas de raiva e impotência... o cavalo cai, derrubando este estranho cavaleiro vestido de negro.. que sem olhar para o fiel companheiro de tantas batalhas, corre agora.. derruba arbustos com a espada, cai, levanta-se, corre... voa.. sente a sua alma a disputar-lhe a corrida, ultrapassando-o, invocando-o, incentivando-o.. « Mais rápido... ainda há tempo... corre Siegfried, corre...».. Viu enfim a capela.. e viu-a a ela, enfiando um pesado anel no dedo... ouviu o riso do senescal... não quis ver ele retirar-lhe o véu para a beijar... perdera. Finalmente caíra no campo de honra. Finalmente fora ferido de morte.. sempre soube que nunca devia ter partido para uma batalha já perdida... ajoelhou-se, gritando.. há quem jure que ainda ouve aquele grito gutural, sobrenatural, a assombrar a serra... estava só agora, imaginando a festividade que decorria no palácio.. imaginando o leito onde as carnes dela seriam maculadas por outro. Levantou-se e franqueou a porta sagrada.. mais um clarão a iluminar-lhe a face. Branca e aqueles olhos... inexpressivos, gélidos frios... despojados da alma que nunca mais recuperou na corrida... fechou a porta, recolheu as flores caídas pelo chão.. atirou-as ao ar, rindo.. derrubou as velas nos tecidos púrpura do altar e viu a derradeira fogueira crescer... ouvia os silvos das chamas bailarinas a aproximar-se do seu rosto. E decidido abraçou-as e dançou com elas com a morte a aplaudir, serena... as suas ultimas palavras são recordadas...

- Jamais alguém sairá deste solo imaculado. Condeno-vos! Condeno-vos ao amor eterno e não correspondido! Condeno-vos a sentir o fogo de amar!!

O fogo consumiu-o.. o fogo-fátuo de amar e o fogo quente que lhe devorou a pele...

OS DIAS DE HOJE

Conduzia pela serra, vidro aberto, sentindo aquele ar rejuvenescê-lo. Eram os dias felizes, em que se permitia acordar cedo e partir para Sintra. O ritual era sempre o mesmo. Comprava o semanário, ocupava uma mesa do Central, café e água castelo. Ainda ignora o que o levou naquele dia a escolher um livro de Neruda e a não parar na vila... e seguir até Monserrate.

O palácio nada lhe dizia... afastou-se e resolveu perder-se. Talvez para se encontrar. Desviou-se dos trilhos e entranhou-se naqueles arbustos, naquela verdura cerrada.. depois, veio o apelo. Soube que podia caminhar ali de olhos fechados.. visualizou uma trovoada, uma espada que gotejava chuva, lama, muita lama... com o espirito inquieto apressou o passo... estranhamente apetecia-lhe correr, correr.. nem precisava de pensar no caminho, era como se a sua alma o tivesse desafiado para uma corrida e o invocasse, e o incentivasse... « vá... é já ali... ali... »... chegou a umas estranhas ruinas. Pedras frias e decompostas, cujo tecto eram os ramos enormes de uma velha árvore que teimava em não contar os segredos seculares... olhou para uma placa: « Capela ». E desmaiou.

. . . . .

Tinha-a esperado tempo demais. Conduzia pela serra, vidro aberto, sentindo aquele ar e a companhia rejuvenescê-lo... ia alegre, tocando sempre nas coxas da bela mulher sentada ao seu lado. Ela sorria, ele sorria... parou o carro em Monserrate, e resolveu perder-se com ela... ou encontrar-se... ou saber... ou esquecer...

Ousou entrar com ela naquelas ruinas e olhou-a nos olhos... sim, eram os mesmo que o assombravam. Via nitidamente todas as vidas que ela teve, século após século.. o seu rosto mantinha os traços.. india, árabe... empurrou-a, colando as suas costas ás pedras frias e decompostas, observando os ramos enormes de uma velha árvore que os cobriam, sendo o único tecto que os abrigava... e beijou-a. E entregou-lhe a alma. E amou-a.

Uma voz ecoou dentro de si, fazendo-o estremecer... aquela voz... a sua própria voz...

« Condeno-vos ao amor eterno e não correspondido »..

OS DIAS DE AMANHÃ

Irei pela calada da noite, munido de archotes e picaretas.
Serei um gato « noutra vida quando ambos formos gatos ».
Felino, ágil, esquivo, saltarei o muro...
Queimarei a maldita árvore, cúmplice de uma antiga e secular maldição..
Derrubarei todas aquelas pedras até as deixar inertes, inócuas, inofensivas.

Finalmente, finalmente, maldita capela... liberto-me.

Serei acossado pelo mato, perseguido...

Mas a ultima palavra ainda será minha e será essa a ecoar
nos dias de amanhã
calando de vez a tortuosa condenação:

« E se ao dizer adeus á vida
as aves todas do céu
me dessem, na despedida,
o teu olhar derradeiro..
Esse olhar que era só teu
amor, que foste o primeiro..»



Monday 26 March 2007

Ponto de situação, ponto de reflexão, ponto de retorno.

Caríssimos façam um pequeno exercicio comigo: o que é um blog? Como deve ser um blog? O que se deve fazer com um blog?...

Sou imodesto ao ponto de pensar que muitos de vocês leram as questões acima expostas. E tenho a certeza que cada um de vocês tem resposta para elas... mas também tenho a certeza que nem uma é igual...

O que era o meu blog?... era o que sempre quis fazer dele. Era ( e é ) o meu ideal. Nem certo nem errado, nem bom nem mau, nem azul nem vermelho. Era meu. E sendo meu, quis fazer dele o que muito bem me apetecesse. Apeteceu-me criar um ponto de encontro na blogosfera... apeteceu-me fazer um chat blogósférico... e vi, com muito agrado, a ideia a fluir. Graças a vocês que entravam por cá perguntando « está aí alguém?..»

Depois a dualidade Fallen/Voyeur... mais complicada? Não. Mero mind game... mas o anjo foi criado com um propósito: dar a mão, ajudar, ouvir, aconselhar... também para isso a merda deste mundo virtual pareceu-me servir de algo.

Falhei com quem mais precisava: os que transpuseram a fronteira virtual-real.

Á doce Lifeyes, um até já... quando uma personagem chamada CARLOS voltar... voltarei também..

Para o RAFEIRO PERFUMADO um até logo... sempre, mano... sempre. Ver-te apelidado de insensivel por mais um dos montes de bosta que proliferam por aí, foi demais para mim... ver-te ser acusado de não ler um texto até ao fim... matou-me, virtualmente.

Isto tudo é uma merda meninos.. A hipocrisia reina aqui onde no nosso « real world » apenas faz cócegas..

Até ao meu regresso, o anjo dá a última mão á JUST ME, á MARIA ( sim, dia do pai...), á IRRITADINHA e a todos os que consideraram ter sido « tocados » por um anjo. Não o foram. Chamo-me Nuno... e sou mesmo um homem. Até já.

Friday 23 March 2007

Sobre mim e o Fallen ( ou talvez não )


Pois é, pois é... está na hora de confessar a verdadeira natureza da minha relação com o Fallen.


( Deixo-os pensar agora as porcarias que quiserem durante um minuto... menos essa do lavar as costas no jacuzzi, pá! Ei! Ó tu que estás a pensar em manteiga e outras porcarias, isso também não. Essa do exame rectal até foi útil... tenho que marcar um para ti, ordinário! )

Pronto... agora que já passaram por essas mentes psicopatas todas as imagens possiveis e imaginárias, retomemos o fio á meada ( certa vez enganei-me num escritozinho para um jornal e escrevi « o fio á merda ». Mandaram-me á meada e não publicaram..)

Eu até gosto do gajo, pronto. Admito. Tudo o que lhe digo é para o acordar do mundo de sonhos em que ele vive.. agora deu-lhe na cabeça para ir sobrevoar Berlim e desejar trapezistas de circo. É claro que um gajo se preocupa! Fico preocupado, é claro que fico preocupado! Afinal o tipo é a minha outra metade e se ele enlouquecer corro o sério risco de acordar amarrado um dia ( e não é com uma sueca de busto 48 a gritar-me « naughty boy!! » ). Qualquer dia pega nas asas e quer ir sobrevoar o pólo Norte berrando juras de amor eterno á rena da segunda fila do lado esquerdo do trenó do Pai Natal...

Como não posso fazer nada a não ser rezar pela sua sanidade mental... que se lixe. Fica ai por Berlim com a trapezista que eu tomo conta da tasca esta semana, Fallen.

( Preparando o stock... rum? Está. Cerveja? Está. Vinho verde? Está. Cigarros? Está. Erva? Está. Anfetaminas? Está. Strippers vestidas de cabedal para show lésbico? Está. Está tudo... ah... que bela semana vou ter...)

Friday 16 March 2007

Oculto o culto


O culto em que me oculto, culpa-te, esculpo-te. Desculpa. Desvendo-te, vendo-me para te vender. Cego, sigo e persigo. Perdido encontro-me de encontro ao teu ventre. Demente, demente. Mente, estoico. Estaco. Avanço, venço, um lenço lanço, tréguas.. que negas. Invicto, invocado... equivocado.

Sou o fantasma que te assombrou toda a noite.. nos teus gemidos inconscientes e opiáceos invocaste-me. Também eu dormia tranquilamente até ser ferido pelo teu apelo de telepata.. estás longe, tão longe... longe demais para te acordar. Encarrego o meu espirito da penosa missão e alcanço-te... fixo-te, asfixias-me. Esfinge... o homem ou a vida? A dádiva... contemplo o teu corpo nú e ferido da batalha carnal que travaste... afasto o corpo fisico do amante que não te satisfez e que dorme solto e egoista o sono do orgasmo.. e entro em ti e faço-te gemer e faço-te tocar e faço-te gritar e faço-te acordar... vês a névoa que sou sorrir para ti e partir... ouves o eco repetido da minha identidade...

- Eu sou Amor... eu sou Amor...

O culto em que me oculto é saliva, dissolvida, é vida... minha querida...
Minha querida...

Saturday 10 March 2007

O desafio da menina Cris...

Inicío mais cedo a minha semana porque o imbecil do Anjo teve que se ausentar para um local que merecia ser dele. Espero que leve uma dentada do Cérberus e que seja bem recebido por Lucifer. Não tenho o hábito de aceitar estes desafios mas este foi-me colocado por uma menina que desconhecia esta minha faceta anti-social... vamos lá então aos sete ( não, não me refiro aos anões... nem aos idiotas da Blyton...). Ainda nos tempos do velhinho « Incongruência », respondi a algo parecido utilizando o humor como « defesa ». Desta vez não o farei... vamos lá conhecer-me.

7 coisas que faço muito bem

- Observar. ( Tudo e todos... estudo, analizo e concluo através de uma simples observação... e raramente me engano - permite-me, Cavaco ).

- Argumentar. ( Divergindo ou não.. mas sim, pode ser numa discussão).

- Sonhar. ( Muitas vezes acordado ).

- Declamar poesia.

- Amizades.

- O meu trabalho ( perdoem-me a imodéstia e as gargalhadas que vos provoquei agora... mas sim, mesmo quando parece que não estou a trabalhar e que passo o dia aqui com vocês... efectivamente estou. E faço-o bem. Sou bom, pronto... tão bom que posso « brincar ». ) :-)

- E com esta vou-me queimar... mas como prometi honestidade...
Seduzir.

7 coisas que detesto

- Hipocrisia.

- Falsos pudores.

- Paternalismos.

- Incompetência.

- Imiscuirem-se na minha vida.

- Barulho/ruido quando estou concentrado em algo.

- O jet set português ( desculpa, Eu Mesma... não resisti..) ;-)

7 coisas que me atraem no sexo oposto

- A vivacidade. ( Incluir leveza de espirito, sentido de humor, seres positivos e nómadas de sentimentos...)

- O mistério... ( gosto de desvendar.. alcançar o inalcançável.. não gosto de mulheres « fáceis » )

- Ternura. ( Pois é... gosto de ser mimado...)

- Os olhos .. quando pertencem a um olhar directo. Quase que se vê a alma de alguém.

- Comunicação. ( Uma mulher que consiga « comunicar » comigo pode ter a certeza que me atrai... é que eu sou dificil. De feitio e de entender.

- O fisico. ( Obviamente que atrai, como ficaram a saber detesto a hipocrisia. Mas é o factor que mais rapidamente se torna irrelevante se todos os outros estiverem presentes...)

- O poder de sedução.

Pronto... cá fica um entretenimento de fim de semana a quem quiser « comunicar » ;-) E cá vai a passagem de testemunho, muito bem pensada e com motivações. Passo ao XICO DA CAÇADEIRA por ser o mais novo elemento neste mundo. Pode ir treinando. Passo ao FELIPE FANUEL para internacionalizar o desafio ( um abraço para o Brasil ). E passo á MULHER DO LADO porque estou muito interessado em saber... ;-)

( CRIS não me voltas a ver noutra, acredita...)

Wednesday 7 March 2007

INFORMAÇÃO AOS AMIGOS DA CASA

Desculpem interromper a tertúlia, mais uma vez..

Pela primeira vez nesta casa, um blog é destacado dos demais. Esta « Alma muito especial » merece uma visita atenta... e se alguém quiser/possa contribuir... nunca é demais...

« Mãe são as lágrimas que caiem dos olhos que contemplam um filho ».

Boa sorte na vida, Maria.

Monday 5 March 2007

Eclipse lunar


Devia ser o Anjo a estar lá... o apelo do eclipse, a humidade da serra, o cheiro de batalha... tudo o invocava. Cobardemente não compareceu. Fui eu. Escondam a lua ou a minha loucura encarrega-se de o fazer...


Diana, tu que não tens « paciência para ler os meus devaneios »... Não vais ler este, decerto.


Diana é uma das muitas bruxas com quem me cruzei na vida. O feitiço dela é um saxofone antigo que me deixa em transe em qualquer esquina, em qualquer rua, em qualquer bairro, em qualquer bar... De jazz em jazz de transe em transe, acabo de aplaudir mais uma de Monk.. faz-me sinal para esperar... Sem esperança de sexo, e com muita esperança de sax acato... aguardo-a. Talvez ela desconheça que um bom sax é um bom sexo.


Queria subir, naquele dia.. queria tocar o seu sax e queria ouvir-me recitar as palavras mágicas, as palavras de enlevo, as palavras meigas.. Pedi-lhe que iniciasse a sessão... escolheu Coltrane. Escolhi injúrias a Deus.


- Nuno, não consigo compor assim!

- Eu também não Diana... o teu Deus ainda me deve a conta de várias vidas miseráveis.

- Fala-me de sexo. Isso percebes tu, devasso...

- Sim... o que eu percebo mais é falar... Leva essa merda á boca, então. Inspira e expira para me inspirares. Badalamenti, Nightingale... óptimo.


( Pólo a pólo espora a espora

só assim te percorro

e ao toque da tua espora

corro.

Agora a gamarra

devagar... devagar...

abre-me a boca

já tremes de tão louca

monta-me agora cadela

segura-te nas minhas crinas

e pede um desejo...

faz-me voar.

Pólo a pólo espora a espora..

é esse o teu tormento...


Colo a colo esporra a esporra

é esse o meu alimento!! )


Sons de sax, sons de Badalamenti e uma despedida...


- Vai Diana... as minhas palavras são raiva e a minha alma está entregue..


Diana nunca me ofereceu o sexo mas sempre me me deu o sax. Que é melhor que sexo. E assim passei mais um eclipse lunar...


« Comprei uma casa junto ao mar... mas para chegar ao mar, tinha que passar por um bar. Nunca vi o mar...» George Best






Thursday 1 March 2007

Viva os tugas

Fiquei a saber que o Jaime Pacheco só tem um neurónio e que mesmo esse trabalha mal...





Fiquei a saber que o José Mourinho é doente mental...

Mas o que eu realmente gostava de saber era o seguinte:
- Ó meus caralhos, o que tenho eu a ver com essa merda???
Fodam-se !

De um Anjo para a Just Me

Estou no teu coração. Vivo diariamente em ti mas estou apertado... sufocas-me com o peso das tuas recordações e feres-me com as tuas lágrimas, mãe..

Quando me libertas estou noutro lado... sou Luz, sou ave, sou brisa e sou água.. e rodeio-te, e afago-te, e faço-te sorrir. E sabes?.. estou orgulhoso. Orgulhoso da mulher que me gerou e mais que ninguém merecia brincar comigo.. mas não tinha que acontecer. E a culpa não é tua, mãe..

Vês?.. volto agora para o teu pensamento que é onde me sinto seguro. É agora o meu ventre e peço-te que sorrias para mim, que seques as lágrimas... anda. Vamos brincar.

( E sabes?... sou feliz por ser teu... e estou aqui. E estou bem. )