Como hei-de eu conter a minha alma, para que não toque na tua?
Como hei-de eu erguê-la por sobre ti para outras coisas?
Como eu desejaria dar-lhe abrigo
à sombra de qualquer coisa perdida no escuro
num recanto estranho e repousado,
que não vibrasse com o teu vibrar.
Mas tudo o que nos toca, a ti e a mim,
Mas tudo o que nos toca, a ti e a mim,
Toma-nos juntos numa só arcada
Que arranca de duas cordas um som único.
Sobre que instrumento estamos retesados?
Que músico nos tem na sua mão?
Oh doce canção!
Rainer Maria Rilke
Rainer Maria Rilke
Abraço-te, Rainer. Abraço-te como um reconhecido que reconhece um igual. Afasto a estúpida e mentirosa ideia de tempo e espaço para te abraçar. Tal como tu, não consigo conter a minha alma.
Ele sente, pressente, que um ausente está demasiado presente.. a presença não sentida, a ausência consentida... perdida... perdida...
Vem, fantasma, assombrar-me. Só mais uma noite, imploro-te. Invoco-te. Como naquela noite em que te sentaste nos umbrais frios e húmidos da minha janela e sorriste para mim. Recordo-me de te abrir a janela, para que entrasses. E apenas entrou o frio. E apenas sorriste. Recordo-me de te colocar um cobertor sobre os ombros. O cobertor trespassou-te, caiu lá em baixo, naquela calçada irregular semelhante a um coração partido. Tu apenas sorriste. Recordo-me de tentar trazer-te até mim, violentamente, retirar-te desses umbrais agarrando-te pelos ombros, esbofetear-te enquanto te arrastava pelos cabelos até á minha cama, quente. As minhas mãos ficaram geladas de tanto planarem pela humidade de uma noite distante, também ela semelhante a um coração partido... ar, era apenas ar. E tu apenas sorriste e voltaste a sorrir..
Em tempos existiu um homem que passou uma noite junto a uma janela, hirto, em transe. Em tudo via corações partidos. Na calçada, no ar, na lua, na esquina, nas paredes.. era uma rua escura e vazia. Repleta de corações partidos.
Ele sente, pressente, que um ausente está demasiado presente.. a presença não sentida, a ausência consentida... perdida... perdida...
Vem, fantasma, assombrar-me. Só mais uma noite, imploro-te. Invoco-te. Como naquela noite em que te sentaste nos umbrais frios e húmidos da minha janela e sorriste para mim. Recordo-me de te abrir a janela, para que entrasses. E apenas entrou o frio. E apenas sorriste. Recordo-me de te colocar um cobertor sobre os ombros. O cobertor trespassou-te, caiu lá em baixo, naquela calçada irregular semelhante a um coração partido. Tu apenas sorriste. Recordo-me de tentar trazer-te até mim, violentamente, retirar-te desses umbrais agarrando-te pelos ombros, esbofetear-te enquanto te arrastava pelos cabelos até á minha cama, quente. As minhas mãos ficaram geladas de tanto planarem pela humidade de uma noite distante, também ela semelhante a um coração partido... ar, era apenas ar. E tu apenas sorriste e voltaste a sorrir..
Em tempos existiu um homem que passou uma noite junto a uma janela, hirto, em transe. Em tudo via corações partidos. Na calçada, no ar, na lua, na esquina, nas paredes.. era uma rua escura e vazia. Repleta de corações partidos.
« So long ago, I don´t remember when
That´s when they say I lost my only friend
Well they said she died easy of a broken heart disease
As I listened through the cemetery trees
I seen the sun comin´ up at the funeral at dawn
The long broken arm of human law
Now it always seemed such a waste
She always had a pretty face
So I wondered how she hung around this place »